Estamos tão acostumados a ver somente os “efeitos”,
(resultados dos atos passados), que dá a impressão que as doenças, os
relacionamentos complicados, as perturbações pessoais, a irrealização
profissional, etc., são acontecimentos que nos acometem acidentalmente. Não que
a pessoa não possa realizar tais façanhas no presente com seus desatinos, pode!
Mas, e quando estas se apresentam independentemente de suas obras atuais? O
Espiritismo rompe com essa falta de perspicácia elucidando que somos
construtores de nosso destino, e que a Lei de Causa e Efeito rege nossa
evolução. Nosso passado (vidas passadas) pode incidir na vida atual em forma de
restrições, perturbações ou saúde e aptidões. Assim como as atitudes atuais
podem suscitar problemas e desenvolver qualidades que afetam a existência
presente e a vida futura.
No casso narrado abaixo de uma pessoa deformada e alienada
que, por conta disso, um médico sugere eutanásia, o Chico Xavier dá uma
explicação dentro do paradigma espírita que leva em conta não apenas a genética
e a cultura atual, mas a reencarnação e a imortalidade do Espírito, excluindo a
vitimização, o azar, o acaso em nossas vidas.
Chico visitou durante muitos anos um jovem que
tinha o corpo totalmente deformado e que morava num barraco à beira de uma
mata. O estado de alienado mental era completo. A mãe deste jovem era também
muito doente e o Chico a ajudava a banhá-lo, alimentá-lo e a fazer a limpeza do
pequeno cômodo em que morava.
- O quadro era tão estarrecedor que, numa de
suas visitas em que um grupo de pessoas o acompanhava, um médico perguntou ao
Chico:
- Nem mesmo neste caso a eutanásia seria
perdoável?
- Não creio, doutor, respondeu-lhe o Chico.
Este nosso irmão, em sua última encarnação,
tinha muito poder. Perseguiu, prejudicou e com torturas desumanas tirou a vida
de muitas pessoas. Algumas o perdoaram, outras não e o perseguiram durante toda
a sua vida. Aguardaram o seu desencarne e, assim que ele deixou o corpo, eles o
agarraram e o torturaram de todas as maneiras durante muitos anos. Este corpo
disforme e mutilado representa uma bênção para ele. Foi o único jeito que a
Providência Divina encontrou para escondê-lo de seus inimigos. Quanto mais
tempo de seus inimigos o terão perdoado. Outros terão reencarnado.
Aplicar a eutanásia seria devolvê-lo às mãos de
seus inimigos para que continuassem a torturá-lo.
- E como resgatará ele seus crimes?, inquiriu o
médico.
- O irmão X costuma dizer que Deus usa o tempo e
não a violência.
Fonte: Chico, de Francisco – Adelino da Silveira – página 54