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sexta-feira, 6 de maio de 2016

Pés grandes

Como quantificar o grau de estresse ou de tormentos que a sociedade nos causa com o trânsito, a violência, o clima, a competição, etc., e qual é o percentual pessoal de problematizar a vida? Trocando em miúdos, é a sociedade complexa que nos atormenta, ou nós nos atormentamos com a sociedade? Obviamente as duas partes tem a sua quota de elementos afligentes. Como não podemos mudar o mundo, podemos mudar a nós mesmos, superando os melindres, as crenças falsas, a baixa autoestima, etc.
Um rapaz procurou a psicoterapia angustiado, triste, não queria mais sair de casa, ficava trancado em seu quarto o dia todo escutando música. Os pais não sabiam mais o que fazer, pensavam que ele estivesse usando drogas ou tinha alguma “doença mental.” Na terapia ele deu voltas para falar do assunto que o afligia: os seus pés! Isso mesmo, os seus pés. Achava que seus pés eram grandes demais, tinha vergonha que as pessoas olhassem para eles. Usava calças largas ou a boca da calça mais larga para cobrir seus pés. Virou uma paranoia, ficava monitorando os olhares dos outros, via o que não existia.
Essa cisma começou no ensino fundamental, onde é comum a garotada colocar apelidos uns nos outros. Qualquer coisa diferente em um colega é motivo para gozação: gordo, magro, alto, baixo, mãos grandes ou pequenas, nariz grande ou pequeno, pés grandes ou pequenos, enfim, tudo é motivo para chacota. Meu cliente não tinha os pés enormes, pela altura dele era para calçar 42, e calçava 44, quase imperceptível por sua altura. O apelido de pezão pegou mais pelo incomodo do rapaz, do que pelo tamanho do pé. O sentimento de inferioridade que alimentava contribuiu para acatar as gozações como verdadeiras. Quando os amigos tiravam sarro, ele ficava vermelho, paralisado, se sentindo pior como pessoa.
Quantos homens se sentem inadequados por causa da barriga, da calvície, da profissão, da altura, etc., evitando o convívio social ou até um relacionamento afetivo porque se acham inadequados?
As mulheres têm áreas pontuais de queixa: cabelos, seios, bumbum, pernas, rugas, celulites e barriga.

Não são estas condições em si que causam o sofrimento ou a falta de aceitação, mas o que se pensa delas. Uma pessoa “resolvida”, com boa autoestima e autoconfiança não se limita, nem se paralisa se suas formas não forem perfeitas. Por outro lado, uma criatura “perfeita nas formas”, com baixa autoestima, insegura vai arranjar motivos para ser infeliz. Aqui cabe ponderar também o nível de evolução de cada pessoa.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Adulto ou criança?

Roberto é um profissional competente, boa formação, dá conta de seu trabalho e é reconhecido por isso. Seu trabalho consiste em gerenciar uma equipe operacional. Dá-se bem com seus colaboradores, não tem dificuldade em dar orientação e chamar a atenção quando necessário. Seu problema acontece quando tem que falar com alguma autoridade, fica nervoso, com sudorese, não consegue se expressar direito, parece uma criança assustada. Por isso, procura evitar o contato com seu diretor, coisa que nem sempre é possível.
O que ocorre é que quando ele era criança foi muito criticado por seu pai, que não pensava muito para xingar e dar algumas chineladas. Ele tinha que engolir tudo aquilo sem protestar para não ficar pior. A figura do pai representava castigo, repreensão, autoridade, submissão. Aprendeu a escutar e calar para se preservar. Estendeu este aprendizado e comportamento para a vida adulta. Vivia esse tormento em todo lugar, se fosse devolver um produto com defeito na loja, e o vendedor falasse um pouco mais alto, recuava. Se queria reclamar no restaurante que o prato que pediu não estava do jeito que queria, desistia e acabava comendo descontente. Toda situação que tinha alguém que representava autoridade, sua criança assustada surgia. É como se vivesse no mesmo corpo um adulto e uma criança disputando quem iria falar.
Através de um exercício, Roberto se imaginou voltando à infância para dar voz aquela criança assustada. Ele pode se imaginar conversando com o pai autoritário e expressando o que pensava. É como se estivesse falando com o pai todas as vezes que quis falar e não pode. Este resgate da fala tirou os nós que o prendiam no passado.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Dor Psicológica


Você já teve dor de dente? Provavelmente, sim, não é? Ou, talvez, outras dores como dor de estômago, dor de cabeça e tantas outras. A dor altera nossas idéias, nossas emoções e nossa disposição física. Seria possível com dor de dente latejante você:

 o   meditar?
 o   apreciar um prato de comida de sua predileção?
 o   fazer uma leitura aprazível?
 o   assistir uma palestra?

Tudo que seria aprazível em determinados momentos, ante a dor latejante seria enervante, entediante, enfim, insuportável.
Assim como a dor física dificulta ou impede determinadas atividades, a dor psicológica não é diferente, desencadeia uma série de perturbações.
A dor psicológica tem vários nomes, veja se algum deles é familiar nas suas experiências:

Ø bloqueio
Ø conflito
Ø distúrbio
Ø neurose
Ø transtorno
Ø trauma

Essas dores podem se manifestar por meio de: depressão, solidão, baixa autoestima, insegurança, medo, rejeição, culpa...
As dores psicológicas vão tirar o colorido da vida, a graça de uma diversão, o sabor de uma fruta, por fim, as experiências ficam contaminadas pelo humor perturbado.

Como é o passeio de um depressivo?
O que sente o solitário no meio da multidão?
Qual é a performance da pessoa sem autoestima?
Até onde chega uma pessoa insegura?
O mundo é tranqüilo para o medroso?
Você convence a pessoa rejeitada que a ama?
O culpado consegue esquecer o que fez?

A tolerância as dores físicas têm um limite, você ficaria alguns meses ou anos com dor de dente ou com uma perna fraturada? Provavelmente não! Por que ficamos com uma dor psicológica, como a rejeição, por alguns anos? Por que ficamos com uma “fratura psicológica”, como a depressão, por anos a fio? Por que nos permitimos ficar na fossa ou em recordações doentias por muito tempo? E por que não ficamos ruminando ou lembrando por muito tempo as lembranças gostosas e alegres?
Será que somos muito tolerantes a dor psicológica?