Roberto é um profissional competente, boa
formação, dá conta de seu trabalho e é reconhecido por isso. Seu trabalho
consiste em gerenciar uma equipe operacional. Dá-se bem com seus colaboradores,
não tem dificuldade em dar orientação e chamar a atenção quando necessário. Seu
problema acontece quando tem que falar com alguma autoridade, fica nervoso, com sudorese, não consegue se expressar
direito, parece uma criança assustada. Por isso, procura evitar o contato com
seu diretor, coisa que nem sempre é possível.
O que ocorre é que quando ele era criança foi
muito criticado por seu pai, que não pensava muito para xingar e dar algumas
chineladas. Ele tinha que engolir tudo aquilo sem protestar para não ficar
pior. A figura do pai representava castigo, repreensão, autoridade, submissão.
Aprendeu a escutar e calar para se preservar. Estendeu este aprendizado e
comportamento para a vida adulta. Vivia esse tormento em todo lugar, se fosse
devolver um produto com defeito na loja, e o vendedor falasse um pouco mais
alto, recuava. Se queria reclamar no restaurante que o prato que pediu não
estava do jeito que queria, desistia e acabava comendo descontente. Toda
situação que tinha alguém que representava autoridade, sua criança assustada
surgia. É como se vivesse no mesmo corpo um adulto
e uma criança disputando quem iria falar.
Através
de um exercício, Roberto se imaginou voltando à infância para dar voz aquela
criança assustada. Ele pode se imaginar conversando com o pai autoritário e
expressando o que pensava. É como se estivesse falando com o pai todas as vezes
que quis falar e não pode. Este resgate da fala
tirou os nós que o prendiam no passado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário