quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Ruptura com o paradigma da doença

Os assuntos: doença, dor, sofrimento, conflito, perturbação, morte, etc., são tão falados, discutidos ou negados que parecem inerentes ao ser humano. A ciência pesquisa mais a doença do que a saúde. Houve uma época em que se pensava que a saúde era a ausência da doença. Essa polarização em torno do sofrimento humano parece necessária por condizer com o nível de consciência ou de desenvolvimento da humanidade. O cientista pesquisa aquilo que é mais urgente, emergente e manifesto, como é a doença. O distúrbio de um órgão é manifesto e sentido pelo sujeito, como no caso de um tumor; a confusão e o estresse são visíveis no comportamento e no corpo. A ciência estuda esses temas, como outros tantos, a fim de aumentar o conhecimento sobre eles para remediar e prevenir. Pesquisar sobre saúde, bem-estar, felicidade, alegria, otimismo parece algo utópico e distante. A doença surge da alteração de um órgão, de uma infecção, etc. E a saúde, a alegria, a confiança, o bem-estar de onde vem?
O paradigma da doença está tão impregnado em nossa vida e em várias áreas do conhecimento, que obsta pensar em saúde e equilíbrio sem o seu estorvo. O progresso e os benefícios da ciência esclareceram muitas coisas, minimizou muitas dores, mas ainda não resolveu o sofrimento e o vazio existencial. Será que a ciência deve buscar somente equacionar a doença, a dor, o sofrimento para melhorar a condição humana? Investir no bem-estar, na autoestima, na autoconfiança, na alegria, na espiritualidade, nas boas relações, no afeto, no ambiente de trabalho prazeroso, na boa alimentação, na condução não estressante não seriam coadjuvantes ou os protagonistas da saúde integral? Esta é a proposta de Abraham Maslow quando afirma que 
“...é como se Freud nos tivesse fornecido a metade doente da Psicologia e nós devêssemos preencher agora a outra metade sadia. Talvez essa Psicologia da Saúde nos proporcione mais possibilidades para controlar e aperfeiçoar as nossas vidas e fazer de nós melhores pessoas. Talvez isso seja mais proveitoso do que indagar “como ficar não-doente”. 
A doença e o sofrimento têm prazo de validade, estão com os dias contados, não são inerentes ao ser humano e sim ao nível de imaturidade evolutiva. Com a imaturidade prevalece a imoralidade, o egoísmo, a impulsividade, o desejo imoderado, o orgulho, a vaidade, etc., motivos de disputa, de intriga, de ódio, de inveja, de revolta, de intolerância... Já, com o amadurecimento, a pessoa se torna mais ética, moderada, amistosa, altruísta, modesta, tolerante, sociável, alegre, prevalecendo o discernimento.

Consulta:

Maslow, H.M. – Introdução à Psicologia do Ser