Os assuntos: doença, dor, sofrimento, conflito,
perturbação, morte, etc., são tão falados, discutidos ou negados que parecem
inerentes ao ser humano. A ciência pesquisa mais a doença do que a saúde. Houve
uma época em que se pensava que a saúde era a ausência da doença. Essa
polarização em torno do sofrimento humano parece necessária por condizer com o
nível de consciência ou de desenvolvimento da humanidade. O cientista pesquisa
aquilo que é mais urgente, emergente e manifesto, como é a doença. O distúrbio
de um órgão é manifesto e sentido pelo sujeito, como no caso de um tumor; a
confusão e o estresse são visíveis no comportamento e no corpo. A ciência
estuda esses temas, como outros tantos, a fim de aumentar o conhecimento sobre
eles para remediar e prevenir. Pesquisar sobre saúde, bem-estar, felicidade,
alegria, otimismo parece algo utópico e distante. A doença surge da alteração
de um órgão, de uma infecção, etc. E a saúde, a alegria, a confiança, o
bem-estar de onde vem?
O paradigma da doença está tão impregnado em nossa vida e
em várias áreas do conhecimento, que obsta pensar em saúde e equilíbrio sem o
seu estorvo. O progresso e os benefícios da ciência esclareceram muitas coisas,
minimizou muitas dores, mas ainda não resolveu o sofrimento e o vazio
existencial. Será que a ciência deve buscar somente equacionar a doença, a dor,
o sofrimento para melhorar a condição humana? Investir no bem-estar, na
autoestima, na autoconfiança, na alegria, na espiritualidade, nas boas relações,
no afeto, no ambiente de trabalho prazeroso, na boa alimentação, na condução
não estressante não seriam coadjuvantes ou os protagonistas da saúde integral?
Esta é a proposta de Abraham Maslow quando afirma que
“...é como se Freud nos tivesse fornecido a metade doente da Psicologia e nós devêssemos preencher agora a outra metade sadia. Talvez essa Psicologia da Saúde nos proporcione mais possibilidades para controlar e aperfeiçoar as nossas vidas e fazer de nós melhores pessoas. Talvez isso seja mais proveitoso do que indagar “como ficar não-doente”.
A doença e o sofrimento têm
prazo de validade, estão com os dias contados, não são inerentes ao ser humano
e sim ao nível de imaturidade evolutiva. Com a imaturidade prevalece a
imoralidade, o egoísmo, a impulsividade, o desejo imoderado, o orgulho, a
vaidade, etc., motivos de disputa, de intriga, de ódio, de inveja, de revolta,
de intolerância... Já, com o amadurecimento, a pessoa se torna mais ética,
moderada, amistosa, altruísta, modesta, tolerante, sociável, alegre,
prevalecendo o discernimento.
Consulta:
Maslow, H.M. – Introdução à
Psicologia do Ser
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