Nossa cultura está tão impregnada de dor e sofrimento que
parece ser a única realidade da nossa existência. Somos treinados a perceber
mais o sofrimento do que os momentos bons. As propagandas dos laboratórios
mostram como se manifestam determinadas doenças e qual o medicamento comprar,
induzindo a automedicação. Os parentes e amigos têm suas receitas pessoais para
quase tudo. Hoje a internet disponibiliza várias informações sobre o princípio
ativo, os efeitos colaterais e preço dos medicamentos.
Quantas propagandas você conhece que ensinam a ficar alegre,
esperançoso, otimista, calmo? Não me refiro àquelas propagandas mentirosas que
dizem que se você comprar o produto deles será mais feliz, realizado e por aí
afora.
Na sociedade de consumo a alegria custa muito caro porque
depende do produto, da marca, da viagem inesquecível e, o principal, o
imprescindível dinheiro.
Aprendemos que a dor é onipresente e a felicidade é comprada,
ficando distraídos da apreciação e da vivência das experiências boas, gostosas,
saborosas e gratuitas. Precisamos romper com esse esquema alienante que nos
afasta das experiências simples e profundas, plenificadoras do existir.
Como não aprendemos a fruir as boas experiências, que
alimentam, saciam, temos a impressão de não ter vivido, de estarmos vazios; por
isso, estamos sempre com pressa, correndo, ansiosos tentando saciar a vida. Com
essa correria e ansiedade, quando defrontamos a boa experiência, ela passa sem
ser saboreada.
O que é saborear? Segundo o dicionário Houaiss é:
·
apreciar o sabor de; degustar lentamente,
com prazer
·
experimentar deleites; regozijar-se,
deliciar-se
Precisamos aprender e treinar a saborear as experiências para
nos apropriarmos delas, sentindo a satisfação, o saciamento.
Enquanto escrevia esse artigo, parei para comer. Preparei um
pão com manteiga, estava uma delícia. Saboreei o gosto do pão e da manteiga
separadamente e conjuntamente. Ao mesmo tempo apreciava um vaso com plantas que
minha mãe plantou há mais de 10 anos. Essas experiências foram gostosas, me fizeram
bem! Não é preciso estar em Paris ou dentro de um carro importado para fruir bons
momentos. Você pode saborear os mais diversos acontecimentos do seu dia a dia,
como:
·
o abraço de um amigo
·
tomar café
·
andar descalço na grama
·
receber uma ligação
·
dizer que ama alguém
·
sentar-se numa praça
·
ler um bom livro
·
dar uma gargalhada
·
ir em um aniversário
·
matar a vontade de uma comida
·
o sorriso de alguém
Isso é tão complicado?
São acontecimentos raros?
Quantas dessas fontes de bem estar, alegria, gratidão,
amizade, distração foram jogadas fora porque estávamos reclamando, cobrando,
brigando? Assim, ficamos desnutridos de vida, de alegria, de riso, de
espairecimento...
O que você está saboreando?
Mario, bom dia. Você faz palestras gratuitas? Gostaria de lhe convidar para palestar na Casa do caminho que fica em pirituba. Segue meu e-mail para contato w.benga@uol.com.br - Welinton
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