Silveira Sampaio quando encarnado foi Autor, Ator, Diretor, Médico e
Empresário, escreveu peças de teatro.
Depois que desencarnou escreveu através de Zibia Gasparetto três livros:
Bate papo com o Além, O mundo em que eu vivo e Pare de sofrer.
No livro Bate papo com o Além ele conta uma surpreendente experiência que
teve na vida espiritual, o curso de Responsabilidade que participou.
Diz Silveira: “Nosso modo de viver, nossas
mensagens e imagens, tudo quanto fazemos é registrado pelos outros, e dessa
forma nossa influência pode mudar seu comportamento e interferir no seu livre
arbítrio. Portanto, precisamos saber como proceder.
Quantas coisas fizemos motivados pelos exemplos de outras pessoas? Vai daí
que, quando erramos, podemos arrastar conosco várias pessoas, e embora elas
sejam fracas e também responsáveis, não deixamos de ter concorrido para isso.
Mas o pior mesmo não é isso. Todos nos influenciamos pelo comportamento
ainda falho e leviano, e somos enleados pelos fios incontáveis dos compromissos
recíprocos, solicitando reajuste. O mais grave é o líder, o escritor, o homem
que transmite uma mensagem e os outros aceitam. O que tem verve para ser
ouvido, acatado.. Suas palavras são repetidas, saboreadas, compreendidas. Ele
por certo é aceito pelos que estão em sua faixa de gravitação mental, no mesmo
nível em que se expressa; mas vejam bem, mesmo assim isso não o exime de
responder pelo que disse ou fez, já que ele poderia melhorar e elevar essas
criaturas que o aceitam e o admiram.
Sim, meus amigos, a responsabilidade do escritor, do contador de histórias,
do literato é muito grande.
Nesse curso estamos vários autores, muitos célebres no mundo, o que me
deixa menos triste, porquanto eu, ao lado deles, represento nada. Conforta-me
saber que se até eles erraram, eu então até que posso me considerar menos ruim.
Mas que tal é o curso?
Filmes nos mostrando a trajetória com todas as consequências de uma obra
escolhida como tema. Vocês sabem que eles têm um registro de todos os
acontecimentos do mundo e, o que é mais interessante, abrangendo as várias
dimensões da vida ao mesmo tempo? Terei sido claro?
Ver ao mesmo tempo o que aconteceu na Terra e na dimensão do nosso mundo. É
tão emocionante que supera o filme mais bem urdido por Hitchcock. Ver o homem
encarnado agindo, seus pensamentos, os pensamentos dos outros homens que com
ele se relacionam e ainda os vários espíritos que os acompanham tentando
influenciá-los, alguns para o bem, outros para o mal.
Ah!, que torcida! Vocês podem imaginar. Os bons são os "mocinhos"
simpáticos, os "maus" são os bandidos. O pior é que os homens muitas
vezes ouvem mais os "bandidos" do que os "mocinhos". Mas, o
que fazer?, afinidade é lei da Natureza.
Somos mais de 50 estudantes nessa classe. A cada dia eles focalizam uma
obra de um dos alunos, mostrando sua trajetória. Já pensaram como é emocionante
para um escritor lançar uma edição e poder acompanhar cada livro, saber quem o
manuseou, o que sentiu, como o recebeu, que sentimentos provocou neles, quais
as implicações emocionais resultantes, sua opinião a nosso respeito?
Não acham formidável? É..., nenhum de nós podia imaginar uma coisa dessas.
Cada dia é um na berlinda, e nós, apesar de edificados com a aula, não
conseguíamos nos libertar do prazer maroto de dissecar intelectualmente nosso
companheiro em foco.
Mas como a justiça é mãe de todos, veio lá o dia em que assistimos, num
teatro de São Paulo, a representação de "No País dos Cadilaques".
Pela primeira vez perdi o dom da palavra. Fiquei mudo. Apesar de não ser
peça pornográfica, os enfoques eram maliciosos e pude ver como a imaginação
ágil dos espectadores vestia e desvestia minhas ideias, conduzindo-as a
extremos verdadeiramente lamentáveis.
A crítica aos costumes que eu me orgulhava de haver formulado assumia forma
grosseira e sem expressão, pela maneira com que eu expressara minhas ideias.
Vi, estarrecido, espíritos perturbadores, em atitudes zombeteiras,
colarem-se a alguns destes assistentes de forma tão repelente que me fez
empalidecer.
Quis sumir dali. Não ter jamais escrito nada, ser analfabeto e burro. Mas
não pude. Tive ainda que acompanhar vários deles depois do espetáculo, para ver
onde e a que extremos minhas imagens os conduziriam.
Confesso que não tive a intenção de brincar, embora os colegas, por sua
vez, tirassem sua desforra da minha cara sem graça.
Saí da aula sério, pensativo, sóbrio e circunspecto.
É..., sei que preciso mudar...
Quais marcas estamos deixando no mundo e nas pessoas?