quinta-feira, 28 de abril de 2016

Retrocognição - lembranças de vidas passadas

Pensa numa vida marcada por dificuldades e pobreza, assim foi a vida de nosso personagem neste capítulo cognominado João. Desde a infância experimentou várias carências, dentre elas a mais importante a do afeto materno. Eram muitos filhos para pouco colo, além do excesso de trabalho dos pais que tinham que cuidar da roça. Faltavam roupas, comida só o necessário, brinquedos inexistia... João também pegava no batente, ajudava os pais nos vários afazeres. Nos momentos de descanso ficava no seu canto sem contato com ninguém, era difícil se enturmar. Essa pobreza perpassou a adolescência e foi até a maioridade, sempre com muito sacrifício. Na maioridade conheceu uma mulher, se casou e logo veio a separação. Conheceu outra companheira que estão juntos há mais de 20 anos. Na área profissional nunca passou de uma subprofissão, ganhando o necessário para a sobrevivência. Apareceu a oportunidade de fazer um curso técnico, mas a falta de dinheiro e de tempo não lhe permitiram.
Apesar das restrições diversas jamais traiu seus valores para obter dinheiro fácil.
Por que tantos limites? É acomodação, preguiça, conflitos que o impedem de avançar? Não, não é corpo mole, não é preguiça e nem conflitos paralisantes, ele fez muitas tentativas para melhorar sua situação. Existem restrições que são medidas de segurança para não cair novamente.
Uma vez estávamos conversando sobre seu trabalho na roça dos pais, das dificuldades de cuidar da plantação sob um sol abrasador, quando começaram a aparecer imagens em sua mente. Com os olhos abertos, via imagens de uma fazenda de enormes proporções que dominava determinada região do Brasil. Ele era o dono da fazenda, era agricultor e criador de gado. Era um dos homens mais ricos da região, frequentava as festas dos endinheirados do local. Via-se com roupas chiques, bebida, mulheres, música... Sentia-se importante, nas festas ele se destacava pelo poder e pelo dinheiro. Todos procuravam agradá-lo, tinha o que queria. Teve uma vida frívola, pensando apenas nos seus prazeres. Perdeu a existência escravizado em três áreas que dominou sua vida: dinheiro, bebida e sexo!
Este contraste entre o ontem e o hoje deu sentido a sua vida, começou a compreender por que suas pequenas conquistas hoje são tão difíceis e suadas. Na vida anterior tudo era favorecido, bastava um estalar de dedos para todos atendê-lo. As facilidades do passado foram viciando sua personalidade, criando a ilusão de ser melhor que os outros, achando que todos deviam servi-lo. Agora tinha que se esforçar para conquistar o mínimo que precisava, com muito sacrifício. Os esforços atuais eram exercícios para superar a inatividade do passado.

terça-feira, 26 de abril de 2016

Sou uma fraude

Mara estudou a vida toda, fala inglês e fez doutorado em administração. É disputada no mercado de trabalho por conta de sua inquestionável competência. É uma líder nata, sabe como conduzir sua equipe. É consultada em momentos de crise por outros diretores de áreas diferentes.
Apesar de esbanjar competência, no fundo ela se acha uma fraude, o oposto de como é reconhecida. É um disparate porque sua formação e seu cargo profissional atestam sua capacidade. Há uma discordância interna entre seus conhecimentos e seus sentimentos. Racionalmente ela sabe que domina o conhecimento, mas se “sente” uma fraude, acha que está enganando os outros e que será descoberta. Esse entrave interno não a deixa fluir, vive uma paranoia achando que os outros sabem de sua farsa.

Para procurar compreender este conflito a psicoterapia pesquisa a infância e outras etapas da vida a fim de encontrar as causas desse sentimento de fraude, no caso dela nada foi encontrado que justificasse essa conduta. Desde criança era quieta, fugia de contatos, apesar de receber afeto da família. Tudo indica que ela trazia de uma reencarnação anterior o sentimento de menos valia, fracasso, incompetência. Na vida passada provavelmente ela enfrentou restrições na área do conhecimento e da profissão, uma provação que fez parte daquela vida, não dessa, porque na sua vida atual ela teve acesso ao conhecimento e a uma boa profissão. É preciso superar o passado que insiste em permanecer e se adaptar ao presente, fazer prevalecer suas conquistas atuais e sua competência!

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Beleza é fundamental

Diz o Poeta que beleza é fundamental, será mesmo? Na poesia até que rima, mas na realidade as coisas não são bem assim. Se fosse fundamental, Poeta, as beldades e os deuses gregos não tomariam ansiolíticos, antidepressivos e nem fariam tantas cirurgias estéticas! A ideia de que a beleza é fonte da felicidade é um jogo de marketing das indústrias de cosméticos, da moda, do cinema com promessa de felicidade. Assim vamos associando beleza com glória, felicidade, dinheiro, sucesso, romances espetaculares... É a visão materialista, consumista, utilitarista de obter coisas para se realizar. Na vida real as pessoas não fogem de sua subjetividade, ou seja, de seu mundo interno, de suas ideias, de seus sonhos, de suas frustrações, de suas alegrias, de suas tristezas, de suas conquistas, de suas derrotas, de acordo com suas conquistas evolutivas. Poeta, no mundo de expiação e prova todos carregamos débitos para serem resgatados, qualidades para serem desenvolvidas, as pessoas belas também! A pobreza e riqueza, beleza e feiura, doença e saúde, felicidade e tristeza não são favores ou desfavores da classe social e da genética, nem depende da sorte, do azar, do privilégio ou do QI (quem indicou), estas questões tem ascendente espiritual. É, Poeta, a vida não se resume ao entorno do corpo físico, nós somos Espíritos Imortais, estamos aqui de passagem para evoluir, nossa verdadeira pátria é a Espiritualidade. A beleza ou feiura são provas ou expiações reencarnatórias de acordo com as conquistas ou insucessos na vida passada e na presente.

Poeta, no consultório vejo homens e mulheres bonitos fisicamente, que se sentem feios e desinteressantes por dentro. São pessoas que chamam a atenção pela plástica, são elegantes, desejadas, mas quando alguém se aproxima delas e se envolvem, veem que são pessoas como as outras com qualidades e defeitos. Aquelas que se sentem inadequadas e amargam conflitos internos, mesmo sendo belas, são pessoas difíceis, não conseguem se envolver. O fundamental, Poeta, é o equilíbrio pessoal, o autoamor, a boa autoestima, a autoconfiança, a ética, a sociabilidade, a religiosidade...

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Adulto ou criança?

Roberto é um profissional competente, boa formação, dá conta de seu trabalho e é reconhecido por isso. Seu trabalho consiste em gerenciar uma equipe operacional. Dá-se bem com seus colaboradores, não tem dificuldade em dar orientação e chamar a atenção quando necessário. Seu problema acontece quando tem que falar com alguma autoridade, fica nervoso, com sudorese, não consegue se expressar direito, parece uma criança assustada. Por isso, procura evitar o contato com seu diretor, coisa que nem sempre é possível.
O que ocorre é que quando ele era criança foi muito criticado por seu pai, que não pensava muito para xingar e dar algumas chineladas. Ele tinha que engolir tudo aquilo sem protestar para não ficar pior. A figura do pai representava castigo, repreensão, autoridade, submissão. Aprendeu a escutar e calar para se preservar. Estendeu este aprendizado e comportamento para a vida adulta. Vivia esse tormento em todo lugar, se fosse devolver um produto com defeito na loja, e o vendedor falasse um pouco mais alto, recuava. Se queria reclamar no restaurante que o prato que pediu não estava do jeito que queria, desistia e acabava comendo descontente. Toda situação que tinha alguém que representava autoridade, sua criança assustada surgia. É como se vivesse no mesmo corpo um adulto e uma criança disputando quem iria falar.
Através de um exercício, Roberto se imaginou voltando à infância para dar voz aquela criança assustada. Ele pode se imaginar conversando com o pai autoritário e expressando o que pensava. É como se estivesse falando com o pai todas as vezes que quis falar e não pode. Este resgate da fala tirou os nós que o prendiam no passado.