terça-feira, 28 de junho de 2016

Quando as coisas estão bem, algo ruim vai acontecer?

Você conhece pessoas que ficam preocupadas quando as coisas estão indo bem, achando que algo ruim vai acontecer? Elas presumem que existe uma ligação causal entre estar bem X acontecimento ruim! Então, para não correr o risco do inconveniente, elas se protegem evitando falar das coisas boas que estão lhe acontecendo; às vezes não curte o que está ocorrendo; batem três vezes na madeira; ficam de sobreaviso. Isso dá a ideia de que elas não merecem ser felizes, que é errado acontecer coisas boas e por isso serão punidas com algo malfazejo.
Penso, até o momento, que não existe nenhuma associação entre um acontecimento bom, feliz e uma obrigatória consequência prejudicial. Por força das energias boas e da afinidade, as coisas boas atraem situações correlatas, como as ruins atraem seus equivalentes.
Quando algo bom está acontecendo não quer dizer que coisas desagradáveis não aconteçam na sociedade como doenças, desempregos, acidentes, guerras...  Por exemplo, uma pessoa avalia que está num bom momento, a maré está em alta para ela, arrumou um (a) namorado (a), conseguiu uma bolsa de estudo muito desejada, está feliz e com boas perspectivas. De repente recebe uma notícia indesejada no trabalho: foi demitida! Uma pessoa supersticiosa faz a ligação entre a boa sorte e o azar como consequência e conclui: era muito bom para ser verdade! Alguém mais realista, concluiria que é algo natural. Não é por que esta pessoa está feliz e esperançosa que não esteja sujeita a demissão ou a um incidente. Portanto, não foi a felicidade que trouxe a demissão, mas outras questões como sua competência, o interesse da empresa, o mercado de trabalho, etc.

Acredito que uma pessoa supersticiosa faz uma mescla de sentimentos: euforia diante da coisa boa e o medo de perder, somado a sentimentos de desmerecimento e de inadequação. A culpa consciente ou inconsciente (aquela que vem do passado) faz o indivíduo se julgar culpado, errado, merecedor de punição. 

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Personalidade e Papéis

De modo geral um Espírito de evolução mediana quando reencarna esquece a personalidade anterior, ou seja, a pessoa que foi na reencarnação anterior e as várias reencarnações que já viveu. O Espírito mais evoluído tem mais domínio sobre si mesmo podendo lembrar-se de várias vidas. Para algumas pessoas as lembranças servem de provas ou de expiação, a fim do sujeito não esquecer os erros passados e se esforçar para acertar. Ainda há pessoas que as lembranças servem de estímulo no empreendimento evolutivo. Lembrando ou não do passado, a existência atual é influenciada pelas personalidades que fomos anteriormente, aparecendo em forma de aptidões, tendências, conflitos, etc.
Ao reencarnar vamos assumindo novos papéis influenciados pelos papéis anteriores (das vidas passadas). Pense em um indivíduo que na vida passada foi uma pessoa insociável, vivia do trabalho para casa, sem amizades, introspectivo... Ele vestiu o papel do “prefiro ficar sozinho no meu canto, sou mais feliz” e pouco fez para mudar. Na vida presente ele reencarna em um ambiente afetivo, amistoso, com uma mãe psicóloga, psicodramatista e um pai que é professor universitário. Como se vê são pais bem sociáveis, lidam com muitas pessoas, são intelectuais, portanto um ambiente familiar favorável ao bom desenvolvimento. Apesar de o filho receber estes estímulos positivos dos pais: afeto, sociabilidade, comunicabilidade, intelectualidade, prazer em ler, etc., ele não vai conseguir assimilar todo esse material, filtrando boa parte por falta de possibilidade de perceber e assimilar. Haverá uma mescla entre a personalidade anterior: sem amizade, introspectivo, insociável e a personalidade atual criada em um ambiente amistoso, resultando em uma pessoa que se dá bem em ficar sozinha, mas que quando está em um grupo participa se relaciona, mas não é o seu forte. Alguém poderia questionar se esta pessoa ao desencarnar, na vida espiritual não poderia trabalhar para superar seus conflitos e limites? Sim, é claro que sim, depende dele se esforçar para melhorar, mas ele o faz?
Os papéis sociais podem enriquecer ou atormentar a personalidade, veja alguns exemplos:

Papéis positivos

  • pai/mãe – vai aprender a amar, cuidar, prover, educar, doar-se...
  • gestor – vai aprender liderar, trabalhar em grupo, buscar resultados...
  • vencedor – aprende a ir atrás de seus sonhos, é determinado, estudioso...

Papéis negativos
  • vítima – só comigo acontece estas coisas, nada muda na minha vida...
  • doente – vive em função dos medicamentos e dos médicos
  • perfeccionista – tem que ser o melhor, precisa acertar todas...


Tanto os papéis positivos como os negativos podem atormentar se o indivíduo se identificar com ele, é como se a pessoa ficasse grudada no papel. Por exemplo, o papel de mãe pode ser nutritivo quando ela dá amor e coloca limites, ensina e deixa o filho fazer o que está ao seu alcance. Uma mãe neurótica sobrecarrega o filho de preocupações e atividades, uma mãe superprotetora não deixa o filho fazer nada, faz tudo por ele. 

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Valores e Consumo

Os meios de comunicação oferecem uma enxurrada de produtos que prometem prazer, sucesso e felicidade, se você não obtê-los é um fracassado destinado ao sofrimento. Bebidas que garantem alegria e a amizade, cremes e xampus que eternizam a juventude, roupas que tornam o seu usuário importante, viagens anti estresse... Tudo ao seu dispor, é só consumir.
Poucas pessoas escutam suas dores e sofrimentos a fim de cuidarem melhor de si mesmas, ao invés procuram os artifícios sociais imediatos. Bateu uma tristeza, o shopping é o remédio. A pessoa se sente inferior, um curso de MBA ou um carro novo resolve. A autoimagem não está a contento, a mulher pinta os cabelos e o homem deixa a barba crescer, pronto! Comprar um sapato todo mês, tomar chope                                         quase todos os dias passa a ser uma necessidade condicionada que vai dominando o indivíduo e se tornando uma compulsão, que o domina - agora ele não tem escolha se vê compelido a comprar, comprar... Antes já comprava sem necessidade, agora com a compulsão compra qualquer coisa que é desnecessária, desfrutando uma migalha de prazer e um punhado de angústia. Esta reflexão não é uma condenação às conquistas benéficas da ciência e dos avanços da cultura que melhora a saúde, as relações sociais, os lazeres, o conhecimento, o conforto, mas reflete em não transformar “os meios em fins”. A vida não se resume em consumir, ela é maior do que isso objetiva a evolução espiritual!
Nesse enredo maluco o indivíduo vai se emaranhando cada vez mais, os apelos da mídia continuam afirmando que ele vai chegar lá, ou seja, vai obter prazer, sucesso e felicidade, basta consumir um pouco mais. Uma provocação aliciadora: você não vai desistir, não é? O mundo não é dos covardes! Veja quantos chegaram lá, persista, você vai ser um vencedor!
Enquanto isso, seu mundo interno está entregue a poeira, abandonado. Chega uma hora que essa mesmice cansa, o vazio começa a dar sinais, o tédio aparece eloquentemente aludindo à decadência dessas promessas irreais.
Para sair das dependências dos artifícios sociais precisamos desenvolver valores que dignificam a vida.


  • em vez de se soltar através do estímulo da bebida, desenvolver a extroversão e a autossegurança.
  • em vez do exagero dos cremes e xampus, aceitar a idade e o corpo.
  • em vez de roupas que dão status, desenvolver a autoconfiança.
  • em vez do excesso das viagens contra o estresse, cultivar a paciência e a tolerância.
  • em vez da droga diante do vazio, despertar a fé em si mesmo e em Deus.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Tocar e beijar

Dar as mãos, tocar o ombro, dar um abraço, dar um beijo, é tão complicado assim? Sim e não. Para a turma do “não é complicado” é quase despercebido esse contato, porque é tão natural que a pessoa não fica ensaiando: “dou a mão ou não dou?”, “beijo ou não beijo?”, acontece.
Para o grupo do “é complicado”, exige muito esforço carregado de dúvidas com relação ao que o outro pensa dele:

º   será que eu vou incomodar?
º   será que a pessoa vai pensar mal?
º   será que ela pensa que eu quero algo a mais?


Também tem a preocupação de o outro aproveitar dele - do neurótico:

º   me incomoda ser tocado
º   ele quer se aproveitar de mim
º   ele quer mais do que um simples abraço

Aqui a pessoa tanto pode achar que vai incomodar os outros, como se sentir sendo invadida. Em ambas as situações a paranoia é do próprio indivíduo que projeta nos outros seus tormentos pessoais. Algumas pessoas quando são abraçadas parece uma geladeira, e reclamam: “eu não gosto dessa pegação!” Esta pessoa não sabe distinguir em que área do afeto foi dirigido o abraço: para o sexo, para a amizade ou para o acolhimento materno/fraterno! Uma vez escutei de uma pessoa culta que homem e mulher quando se abraçam estão querendo sexo! Para ele não existe amizade e afeto, só sexo. Os conflitos nessa área têm várias fontes:

º   pais que não tem contato entre si
º   pais que evitam tocar os filhos
º   experiências de abuso
º   traumas no relacionamento afetivo e sexual


Os efeitos dessas relações inamistosas podem ter vários desdobramentos na afetividade pessoal, como a pessoa não aceitar um abraço porque se acha desprezível, um efeito oposto é o sujeito se tornar pegajoso por causa da carência, outros associam o toque ao sexo por isso evitam o contato, por que se excitam. É comum encontrar pessoas que conceituam o sexo como sujo, vergonhoso, pecaminoso, indecente. Estas colocações estão ligadas a interpretações distorcidas da religião e do moralismo dos pais. Por conta desses extravios muita gente prefere reprimir sua afetividade e sexualidade para não sofrer, e vivem atormentados. Outras pessoas para romper com o tolhimento que foram condicionados extrapolam se envolvendo em relacionamentos problemáticos. Há aqueles que negam a afetividade e se entregam ao sexo aberrante.