Dar as mãos, tocar o ombro, dar um abraço, dar um
beijo, é tão complicado assim? Sim e não. Para a turma do “não é complicado” é
quase despercebido esse contato, porque é tão natural que a pessoa não fica
ensaiando: “dou a mão ou não dou?”, “beijo ou não beijo?”, acontece.
Para o grupo do “é complicado”, exige muito
esforço carregado de dúvidas com relação ao que o outro pensa dele:
º será
que eu vou incomodar?
º será
que a pessoa vai pensar mal?
º será
que ela pensa que eu quero algo a mais?
Também tem a preocupação de o outro aproveitar dele
- do neurótico:
º me
incomoda ser tocado
º ele
quer se aproveitar de mim
º ele
quer mais do que um simples abraço
Aqui a pessoa tanto pode achar que vai incomodar
os outros, como se sentir sendo invadida. Em ambas as situações a paranoia é do
próprio indivíduo que projeta nos outros seus tormentos pessoais. Algumas
pessoas quando são abraçadas parece uma geladeira, e reclamam: “eu não gosto dessa
pegação!” Esta pessoa não sabe distinguir em que área do afeto foi dirigido o
abraço: para o sexo, para a amizade ou para o acolhimento materno/fraterno! Uma
vez escutei de uma pessoa culta que homem e mulher quando se abraçam estão
querendo sexo! Para ele não existe amizade e afeto, só sexo. Os conflitos nessa
área têm várias fontes:
º pais
que não tem contato entre si
º pais
que evitam tocar os filhos
º experiências
de abuso
º traumas
no relacionamento afetivo e sexual
Os efeitos dessas relações inamistosas podem ter
vários desdobramentos na afetividade pessoal, como a pessoa não aceitar um
abraço porque se acha desprezível, um efeito oposto é o sujeito se tornar
pegajoso por causa da carência, outros associam o toque ao sexo por isso evitam
o contato, por que se excitam. É comum encontrar pessoas que conceituam o sexo
como sujo, vergonhoso, pecaminoso, indecente. Estas colocações estão ligadas a
interpretações distorcidas da religião e do moralismo dos pais. Por conta
desses extravios muita gente prefere reprimir sua afetividade e sexualidade
para não sofrer, e vivem atormentados. Outras pessoas para romper com o
tolhimento que foram condicionados extrapolam se envolvendo em relacionamentos
problemáticos. Há aqueles que negam a afetividade e se entregam ao sexo
aberrante.
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