quarta-feira, 5 de outubro de 2016

O futuro já começou

O ser humano é um Espírito Imortal que evolui através da reencarnação, as vidas sucessivas. Ao reencarnar o Espírito não é tabula rasa, ele traz em sua bagagem arquivos de milhares de existências que se apresentam como capacidades, virtudes, hábitos, valores, inteligência, tendências, conflitos, equilíbrio, doenças, vocação, talento, dom, destempero que são seus patrimônios evolutivos que o tipificam. Estas aquisições vão refletir na formação da nova personalidade como se fossem comportamentos inatos.
Assim como as conquistas das vidas anteriores contribuíram na formação da personalidade atual, as características atuais são os ingredientes ou os germes da existência futura. O mau-caratismo, a irresponsabilidade, o vício, a intrepidez, a solidariedade, a operosidade, a honestidade cultivados hoje serão as tendências e as aptidões da futura personalidade.
Há situações que desestruturam de tal forma a personalidade que o seu futuro já se desenha dramático como a do homicida cruel e a do suicida que geram desequilíbrios diversos e inevitáveis nos seus pensamentos, emoções, afetividade e no corpo. Seguindo outra vertente, o sujeito ético, altruísta, construtivo está esboçando um futuro de equilíbrio, bem-estar subjetivo, esperança...

Mais alguns exemplos:
Há pessoas que acham que estão no mundo para atenderem apenas os seus interesses e serem servidas - são ego-centradas - o mundo gira ao seu redor. Os outros são apenas apetrechos, trampolins, objetos para promoverem seus desejos. Não fazem nada para o próximo. Nessa centralização de seus desejos doentios e insaciáveis, mais se perturbam, mais querem e nunca se pacificam. Invejam as conquistas alheias e temem perder o que tem, policiam o tempo todo seus haveres. Uma pessoa voltada somente para si mesmo é agradável estar junto dela? Como será seu círculo social no futuro?
Por outro lado, aqueles que já despertaram, aprenderam a sair do egocentrismo desfrutam da permuta e do crescimento do contato com o outro. Aprendem a gerar amizade, simpatia, trocam experiências, afetos. Uma pessoa dessa todos querem por perto. Ela terá boas amizades no futuro?
Você leitor, analisando suas tendências e aptidões atuais como será o seu futuro?

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Álcool e Sementes

Para lidar com as exigências da vida tais como se relacionar, trabalhar, estudar, amar, se comunicar precisamos de instrumentos adequados para realizá-los, que são nossos atributos naturais tais como as inteligências, as habilidades, as capacidades... E onde estão estes atributos? Dentro de nós, em nossa mente. Neste reservatório temos tudo o que precisamos e mais do que imaginamos. Lembre-se que Jesus1 anunciou esta grandeza interna, ignorada, ao afirmar que “Aquele que crê em mim, as obras que eu faço, ele também fará, e fará maiores do que estas...”.
De forma figurativa, vamos nomear os atributos como se fossem sementes portadoras de potencialidades que carregamos em nosso interior. Semente2 é “aquilo que, com o tempo, há de produzir certos efeitos... germe, origem”. Assim, possuímos as sementes da inteligência, da amizade, da capacidade profissional, da maternidade, da honestidade... Temos sementes para todas as demandas da vida, algumas são mais exigidas outras menos dependendo do programa reencarnatório, dos interesses, dos limites e da relação com a existência. Uma mulher que se dedica a família e a maternidade vai desenvolver mais as sementes da maternidade e suas congêneres. Um bancário vai aperfeiçoar mais as sementes das finanças... Além das sementes mais usadas por causa de nossas necessidades atuais, podemos germinar outras em áreas diversas da vida movidos pela curiosidade e pelo prazer em saber.
Algumas pessoas suprimem ou subdesenvolvem determinadas sementes. Por exemplo, uma mulher quer ter um filho e não consegue por causa de um impedimento orgânico. Às vezes ela acaba desistindo de seu desejo e cultiva a agonia ou a revolta. Apesar da frustração, isso não a impede de exercer a maternidade através da adoção de uma criança, ou cuidando e dando amor aos carentes do seu entorno.

No caso do alcoolismo, que sementes o indivíduo deixou de germinar para precisar compensar com a bebida? É baixa autoestima, se acha desinteressante, se julga inferior, se considera incompetente, é tímida, é insegura, tem dificuldades de enfrentar situações difíceis? A bebida não muda para melhor o comportamento dela, ao contrário, estraga! Além disso, traz o mal estar da ressaca, vexames, o autojulgamento de fracassar ao ter que beber para enfrentar a vida.
Durante toda a existência o indivíduo precisa se expor, enfrentar pessoas e situações diversas. Será que sempre dependerá do álcool para fazer isso? E quando não tiver a bebida por perto, não fará nada?
A bebida acaba com sua saúde física, emocional, cognitiva e espiritual, afeta seu rendimento nos estudos, no trabalho, na família, nas amizades. Atraí espíritos alcoólatras que vão sugar suas energias e levá-lo ao esgotamento e a depressão.
Se você utiliza o álcool para se encorajar, não vai desenvolver a semente da coragem. Veja mais alguns exemplos:

  • Você esta com baixa autoestima? Desenvolva a semente da autoestima elevada, aprenda a se respeitar e a se amar.
  • Você se acha desinteressante? Desenvolva a semente dos valores pessoais.
  • Você se julga inferior? Desenvolva a semente de se ver como um ser humano igual aos outros, descubra suas qualidades.
  • Você se considera incompetente? Desenvolva a semente da competência através de cursos, especialização, leitura...
  • Você se sente tímido? Desenvolva a semente da boa autoimagem, da assertividade! Faça teatro, curso de oratória, aprenda a expor suas ideias com ética.
  • Você se acha insegura? Desenvolva a semente da autoconfiança.
  • Você se acha triste? Desenvolva a semente da alegria sendo ético, otimista, se valorizando.


Não substitua seus potenciais pelo álcool!

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Descomplicando a Vida

Você já teve dor de dente latejante ou cólica renal? Quando você está com dor, como fica sua disposição geral? Provavelmente comprometida, não é? Agora transfira a dor física para o âmbito psicológico, a tradução da dor na área psicológica é sofrimento, conflito, transtorno, confusão podemos sintetizá-lo como comportamento neurótico. Portanto, uma pessoa neurótica está um pouco alterada internamente com sentimentos confusos, incertezas, medos, etc. Neste estado ela faz uma leitura de sua vida e do seu entorno consoante sua perturbação, quase tudo vai parecer mais difícil. A pergunta que se faz é: o que é mais complicado o mundo ou o modo pessoal de ver a vida? A propósito a psicóloga positiva Barbara L. Fredrickson, no seu livro Positividade, página 28 afirma: “ao contrário das emoções negativas, que limitam as ideias sobre ações possíveis, as emoções positivas ampliam o julgamento sobre elas, abrindo nossa consciência para uma ampla gama de pensamentos e ações. Por exemplo, a alegria desperta a necessidade de brincar e ser criativo. O interesse estimula a exploração e o aprendizado, enquanto a serenidade nos leva a apreciar as circunstâncias e integrá-las a uma nova visão de nós mesmos e do mundo ao nosso redor.”
Alimentar ressentimento, ódio, indiferença, provocar os outros, ver o lado negativo da vida é complicar-se bastante, gerando uma série de tormentos psicológicos, físicos, espirituais e sociais. A pessoa acaba se auto-obsediando pelas fixações doentias, facilitando a atuação do obsessor espiritual.

Quando o Espiritismo propõe os bons pensamentos, as boas leituras, a paciência, o perdão, o amor, etc., não o faz para nos tornar “bonzinhos”, mas para sermos equilibrados, lúcidos, amistosos, confiantes, alegres, otimistas, enfim caminhar para o amadurecimento, descomplicando e facilitando a existência. 

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Você é do grupo do Sim ou do Não?

Sim
O que se espera de uma pessoa equilibrada e madura é que seja amistosa, sociável, autêntica, gentil, porque com a maturidade relativa ela já terá resolvido muitos conflitos pessoais. A pessoa imatura, com baixa autoestima, sentimento de inferioridade ou de rejeição, se sente inadequada, desinteressante, e isso a faz sofrer. Uma tentativa de compensar ou de superar esse sofrimento psíquico é querer agradar ou concordar com todo o mundo. São aquelas pessoas que quase sempre dizem sim. Essa criatura na maioria das vezes, a contragosto, quer ser aceita e ser vista como simpática, amistosa, legal, sorridente, sempre disponível, por vezes passando por cima de seus valores. O que vai acarretar negar a si mesma para agradar aos demais? Certamente que algum conflito vai atormentá-la mexendo no seu autoconceito1. A boa imagem que queria passar para os outros fica prejudicada, alterada, portanto sem poder agradar, ao contrário transmite a imagem de falsa, inautêntica, “Maria vai com as outras”. 

Não
Na categoria do Não estão às pessoas que não concordam com nada, contestam tudo ou se negam a dar a sua opinião.
A palavra mais representativa das criaturas que não concordam com nada é a “contraposição”, cujos sinônimos2 são: “atacar, objetar, rebater, retorquir, refutar, desmentir, contrariar, contraditar, rebater, contestar, contradizer, adversar, discutir, opor, disputar.” Parece que estas pessoas estão brigando e se defendendo o tempo todo, não concordam com nada, não aceitam coisa nenhuma. O móvel da oposição ou da refutação não é um posicionamento pertinente, é derivado de tormento pessoal que o marcou como se achar inferior, ter sofrido rejeitado ou padecido algum trauma.
Diferente desses contestadores radicais tem o grupo dos que usam o Não para se omitir, não dão suas opiniões, não sabem de nada, não viram nada, não escutaram nada enfim não querem confusão. Elas se omitem ou ficam em cima do muro pensando que são neutras. Parece que assim elas evitam problemas com os outros, mas a suposta paz é só na aparência porque o seu mundo interno está uma balburdia.

Sugestão de solução: resolver os conflitos e desenvolver novas qualidades.


Nota
1. O autoconceito é quem e o que, em nível consciente ou subconsciente, nós pensamos ser – nossos traços físicos e psicológicos, nossas qualidades e imperfeições, nossas possibilidade e limitações, nossas forças e fraquezas. p. 36 Autoestima e Seus Seis Pilares. Autor: Nathaniel Branden

2. Dicionário de Sinônimos Online – Sinônimos.com.br

terça-feira, 5 de julho de 2016

Eu não pedi para nascer!

O que fazer para agradar uma pessoa ingrata? Nada! Por que ela está doente e não é capaz de reconhecer qualquer gentileza, agrado, carinho... Dar-lhe um presente ou carinho provoca uma reação momentânea de contentamento e em seguida volta ao desagrado. Ela não é agradada com a qualidade e nem com a quantidade de presentes. As pessoas desprevenidas que a amam tentam agradá-la dando muitos presentes, e sempre precisa mais, mais... Como ela é infeliz e não se sacia responsabiliza os outros por sua infelicidade, acusando-os de não compreendê-la, de não fazer as coisas para ela com amor.
Os principais alvos de sua revolta e reclamação são os pais, transferem para eles a responsabilidade pela vida emocional miserável que levam. Costumam ofendê-los e atacam: eu não pedi para nascer! Vocês me colocaram no mundo, agora aguenta! Na cabeça deles os pais são obrigados a dar amor, dinheiro, alimento, roupas, viagens...
Por conta dos seus temperamentos, dos conflitos, da falta de responsabilidade, do desinteresse dificilmente consegue uma profissão que lhes agrade. Entra e sai dos empregos sempre acusando a empresa de explorá-los, de exigir demais deles, etc.
Um caso típico de ingratidão que acompanhei, os pais compraram uma franquia de café para o filho, ele ficou empolgado, parecia que ia se encontrar, que as coisas iriam mudar. No começo foi bem, ele tinha um funcionário em quem jogava tudo em suas costas. Mas tinha um problema, ele estava lá! Sim, ele, o neurótico ingrato estava lá projetando seus tormentos no seu trabalho. A onde ele está ele enchia o ambiente de defeitos, reclamações, desconfianças, provocações... Não demorou para surgir os desentendimentos, a dificuldade de manter uma rotina, logo as vendas diminuírem e fechou o negócio! Ele depressa encontrou os culpados pelo insucesso: seus pais! E acusava: “vocês que me colocaram nesse negócio”, “vocês sabiam que eu não tinha experiência!” “Vocês queriam se livrar de mim...”.
Se esta pessoa fosse colocada em um suposto paraíso, onde tudo é perfeito e ele pudesse desfrutar da plena felicidade e da alegria, iria reclamar dizendo: as pessoas aqui acham graça em tudo, estão sempre sorrindo, não reclamam de nada, parece que não enxergam a realidade, isso soa falso! A realidade que ele acredita e que os outros não veem é a sua, subjetiva, ou seja, seu mundo interno cheio de conflitos, de confusão, de perturbação. Ele acha que o mundo é assim, porque é o que ele sente internamente.

Tudo que se lhe der é insuficiente: presentes, dinheiro, emprego, amizades reais, etc. Seu problema é interno, são os seus conflitos que precisam ser enfrentados. As causas desse desassossego podem ser as experiências infantis sem afeto ou de muito estresse com brigas e ameaças, como também reflexos de vidas anteriores. 

terça-feira, 28 de junho de 2016

Quando as coisas estão bem, algo ruim vai acontecer?

Você conhece pessoas que ficam preocupadas quando as coisas estão indo bem, achando que algo ruim vai acontecer? Elas presumem que existe uma ligação causal entre estar bem X acontecimento ruim! Então, para não correr o risco do inconveniente, elas se protegem evitando falar das coisas boas que estão lhe acontecendo; às vezes não curte o que está ocorrendo; batem três vezes na madeira; ficam de sobreaviso. Isso dá a ideia de que elas não merecem ser felizes, que é errado acontecer coisas boas e por isso serão punidas com algo malfazejo.
Penso, até o momento, que não existe nenhuma associação entre um acontecimento bom, feliz e uma obrigatória consequência prejudicial. Por força das energias boas e da afinidade, as coisas boas atraem situações correlatas, como as ruins atraem seus equivalentes.
Quando algo bom está acontecendo não quer dizer que coisas desagradáveis não aconteçam na sociedade como doenças, desempregos, acidentes, guerras...  Por exemplo, uma pessoa avalia que está num bom momento, a maré está em alta para ela, arrumou um (a) namorado (a), conseguiu uma bolsa de estudo muito desejada, está feliz e com boas perspectivas. De repente recebe uma notícia indesejada no trabalho: foi demitida! Uma pessoa supersticiosa faz a ligação entre a boa sorte e o azar como consequência e conclui: era muito bom para ser verdade! Alguém mais realista, concluiria que é algo natural. Não é por que esta pessoa está feliz e esperançosa que não esteja sujeita a demissão ou a um incidente. Portanto, não foi a felicidade que trouxe a demissão, mas outras questões como sua competência, o interesse da empresa, o mercado de trabalho, etc.

Acredito que uma pessoa supersticiosa faz uma mescla de sentimentos: euforia diante da coisa boa e o medo de perder, somado a sentimentos de desmerecimento e de inadequação. A culpa consciente ou inconsciente (aquela que vem do passado) faz o indivíduo se julgar culpado, errado, merecedor de punição. 

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Personalidade e Papéis

De modo geral um Espírito de evolução mediana quando reencarna esquece a personalidade anterior, ou seja, a pessoa que foi na reencarnação anterior e as várias reencarnações que já viveu. O Espírito mais evoluído tem mais domínio sobre si mesmo podendo lembrar-se de várias vidas. Para algumas pessoas as lembranças servem de provas ou de expiação, a fim do sujeito não esquecer os erros passados e se esforçar para acertar. Ainda há pessoas que as lembranças servem de estímulo no empreendimento evolutivo. Lembrando ou não do passado, a existência atual é influenciada pelas personalidades que fomos anteriormente, aparecendo em forma de aptidões, tendências, conflitos, etc.
Ao reencarnar vamos assumindo novos papéis influenciados pelos papéis anteriores (das vidas passadas). Pense em um indivíduo que na vida passada foi uma pessoa insociável, vivia do trabalho para casa, sem amizades, introspectivo... Ele vestiu o papel do “prefiro ficar sozinho no meu canto, sou mais feliz” e pouco fez para mudar. Na vida presente ele reencarna em um ambiente afetivo, amistoso, com uma mãe psicóloga, psicodramatista e um pai que é professor universitário. Como se vê são pais bem sociáveis, lidam com muitas pessoas, são intelectuais, portanto um ambiente familiar favorável ao bom desenvolvimento. Apesar de o filho receber estes estímulos positivos dos pais: afeto, sociabilidade, comunicabilidade, intelectualidade, prazer em ler, etc., ele não vai conseguir assimilar todo esse material, filtrando boa parte por falta de possibilidade de perceber e assimilar. Haverá uma mescla entre a personalidade anterior: sem amizade, introspectivo, insociável e a personalidade atual criada em um ambiente amistoso, resultando em uma pessoa que se dá bem em ficar sozinha, mas que quando está em um grupo participa se relaciona, mas não é o seu forte. Alguém poderia questionar se esta pessoa ao desencarnar, na vida espiritual não poderia trabalhar para superar seus conflitos e limites? Sim, é claro que sim, depende dele se esforçar para melhorar, mas ele o faz?
Os papéis sociais podem enriquecer ou atormentar a personalidade, veja alguns exemplos:

Papéis positivos

  • pai/mãe – vai aprender a amar, cuidar, prover, educar, doar-se...
  • gestor – vai aprender liderar, trabalhar em grupo, buscar resultados...
  • vencedor – aprende a ir atrás de seus sonhos, é determinado, estudioso...

Papéis negativos
  • vítima – só comigo acontece estas coisas, nada muda na minha vida...
  • doente – vive em função dos medicamentos e dos médicos
  • perfeccionista – tem que ser o melhor, precisa acertar todas...


Tanto os papéis positivos como os negativos podem atormentar se o indivíduo se identificar com ele, é como se a pessoa ficasse grudada no papel. Por exemplo, o papel de mãe pode ser nutritivo quando ela dá amor e coloca limites, ensina e deixa o filho fazer o que está ao seu alcance. Uma mãe neurótica sobrecarrega o filho de preocupações e atividades, uma mãe superprotetora não deixa o filho fazer nada, faz tudo por ele. 

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Valores e Consumo

Os meios de comunicação oferecem uma enxurrada de produtos que prometem prazer, sucesso e felicidade, se você não obtê-los é um fracassado destinado ao sofrimento. Bebidas que garantem alegria e a amizade, cremes e xampus que eternizam a juventude, roupas que tornam o seu usuário importante, viagens anti estresse... Tudo ao seu dispor, é só consumir.
Poucas pessoas escutam suas dores e sofrimentos a fim de cuidarem melhor de si mesmas, ao invés procuram os artifícios sociais imediatos. Bateu uma tristeza, o shopping é o remédio. A pessoa se sente inferior, um curso de MBA ou um carro novo resolve. A autoimagem não está a contento, a mulher pinta os cabelos e o homem deixa a barba crescer, pronto! Comprar um sapato todo mês, tomar chope                                         quase todos os dias passa a ser uma necessidade condicionada que vai dominando o indivíduo e se tornando uma compulsão, que o domina - agora ele não tem escolha se vê compelido a comprar, comprar... Antes já comprava sem necessidade, agora com a compulsão compra qualquer coisa que é desnecessária, desfrutando uma migalha de prazer e um punhado de angústia. Esta reflexão não é uma condenação às conquistas benéficas da ciência e dos avanços da cultura que melhora a saúde, as relações sociais, os lazeres, o conhecimento, o conforto, mas reflete em não transformar “os meios em fins”. A vida não se resume em consumir, ela é maior do que isso objetiva a evolução espiritual!
Nesse enredo maluco o indivíduo vai se emaranhando cada vez mais, os apelos da mídia continuam afirmando que ele vai chegar lá, ou seja, vai obter prazer, sucesso e felicidade, basta consumir um pouco mais. Uma provocação aliciadora: você não vai desistir, não é? O mundo não é dos covardes! Veja quantos chegaram lá, persista, você vai ser um vencedor!
Enquanto isso, seu mundo interno está entregue a poeira, abandonado. Chega uma hora que essa mesmice cansa, o vazio começa a dar sinais, o tédio aparece eloquentemente aludindo à decadência dessas promessas irreais.
Para sair das dependências dos artifícios sociais precisamos desenvolver valores que dignificam a vida.


  • em vez de se soltar através do estímulo da bebida, desenvolver a extroversão e a autossegurança.
  • em vez do exagero dos cremes e xampus, aceitar a idade e o corpo.
  • em vez de roupas que dão status, desenvolver a autoconfiança.
  • em vez do excesso das viagens contra o estresse, cultivar a paciência e a tolerância.
  • em vez da droga diante do vazio, despertar a fé em si mesmo e em Deus.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Tocar e beijar

Dar as mãos, tocar o ombro, dar um abraço, dar um beijo, é tão complicado assim? Sim e não. Para a turma do “não é complicado” é quase despercebido esse contato, porque é tão natural que a pessoa não fica ensaiando: “dou a mão ou não dou?”, “beijo ou não beijo?”, acontece.
Para o grupo do “é complicado”, exige muito esforço carregado de dúvidas com relação ao que o outro pensa dele:

º   será que eu vou incomodar?
º   será que a pessoa vai pensar mal?
º   será que ela pensa que eu quero algo a mais?


Também tem a preocupação de o outro aproveitar dele - do neurótico:

º   me incomoda ser tocado
º   ele quer se aproveitar de mim
º   ele quer mais do que um simples abraço

Aqui a pessoa tanto pode achar que vai incomodar os outros, como se sentir sendo invadida. Em ambas as situações a paranoia é do próprio indivíduo que projeta nos outros seus tormentos pessoais. Algumas pessoas quando são abraçadas parece uma geladeira, e reclamam: “eu não gosto dessa pegação!” Esta pessoa não sabe distinguir em que área do afeto foi dirigido o abraço: para o sexo, para a amizade ou para o acolhimento materno/fraterno! Uma vez escutei de uma pessoa culta que homem e mulher quando se abraçam estão querendo sexo! Para ele não existe amizade e afeto, só sexo. Os conflitos nessa área têm várias fontes:

º   pais que não tem contato entre si
º   pais que evitam tocar os filhos
º   experiências de abuso
º   traumas no relacionamento afetivo e sexual


Os efeitos dessas relações inamistosas podem ter vários desdobramentos na afetividade pessoal, como a pessoa não aceitar um abraço porque se acha desprezível, um efeito oposto é o sujeito se tornar pegajoso por causa da carência, outros associam o toque ao sexo por isso evitam o contato, por que se excitam. É comum encontrar pessoas que conceituam o sexo como sujo, vergonhoso, pecaminoso, indecente. Estas colocações estão ligadas a interpretações distorcidas da religião e do moralismo dos pais. Por conta desses extravios muita gente prefere reprimir sua afetividade e sexualidade para não sofrer, e vivem atormentados. Outras pessoas para romper com o tolhimento que foram condicionados extrapolam se envolvendo em relacionamentos problemáticos. Há aqueles que negam a afetividade e se entregam ao sexo aberrante. 

terça-feira, 24 de maio de 2016

O que os outros vão pensar de mim?

Uma das frases mais ouvidas no consultório é esta: o que os outros vão pensar de mim? Eu costumo devolver: os outros sempre vão pensar! Se você for correto, vão pensar; se você for desonesto, vão pensar; se você for bom, vão pensar; se você for mal, vão pensar; se você fizer muitas coisas, vão pensar; se você não fizer nada, vão pensar! Falaram das grandes personalidades do progresso e das maldosas, você vai escapar?

O que mais incomoda, o que elas pensam de você ou o que você pensa que elas pensam de você? Estar muito preocupado com a opinião dos outros não é sinal de conflitos pessoais? O que os outros pensam de você é mais importante do que sua autoavaliação?

As pessoas negativas, pessimistas e conflitadas interpretam tudo que se refere a elas como pessoal, ofensivo e persecutório, elas não aproveitam nada do que vem dos outros, que não deixam de ser seus professores indiretos. O neurótico justifica este posicionamento relacionando as várias vezes que foi ofendido, ressaltando o lado ruim das pessoas. Os indivíduos mais maduros, sempre estão aprendendo, veem nos “adversários” instrutores, como ensina o Espiritismo. É claro que há pessoas maldosas que precisamos identificar e nos guardar para preservar a vida e a integridade. No entanto, a pessoa madura não vê ameaça em tudo e em todos sua capacidade de discernir é mais ampla, não é unilateral. Fazendo esta distinção entre a pessoa neurótica e a madura, lembrei do ensinamento de Jesus: “Pois àquele que tem lhe será dado, e terá com abundância; mas àquele que não tem até o que tem será tirado dele.”1 A pessoa madura aproveita melhor sua existência, por isso tem capacidade de obter mais aprendizados existenciais do que o neurótico que fica preso em seus tormentos sem aproveitar melhor as ofertas da vida. 

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Surto ou obsessão espiritual?

Na sessão de psicoterapia ele pedia para não fechar a porta da sala, para não se sentir vulnerável. Mal conseguia falar, respiração ofegante, assustado, dizia-se revoltado, mas não explicava o motivo. Com vinte minutos de sessão, já queria ir embora, ele não conseguia ficar os cinquenta minutos. Ele dizia que tinha algo muito importante para me falar, mas não conseguia. Depois de algumas sessões, com muita ansiedade e falando pouco, disse que em uma vida anterior eu o teria prejudicado, levando, em seguida, a morte, por isso me procurou: para se vingar! Fiquei sem ação, o que? Perguntei:
- Como você sabe disso?
- Eu vi isso nos meus sonhos – disse ele!

Como psicólogo eu diria tratar-se de fantasias dele, o sonho pode ser reflexos das preocupações do dia, desejos não realizados, mas como Espírita sabemos que podem ser retrocognições, obsessão espiritual (pesadelo), sonhos premonitórios e encontros espirituais. Como saber? Eu não tenho percepções parapsíquicas ou mediunidade ostensiva para alcançar a veracidade dos fatos, no entanto um misto de intuição (percepção pessoal) e de inspiração (influência de meu mentor) indicava não ser verdadeiro o que o cliente dizia. Nem sempre é possível desvendar o passado para segurança dos envolvidos, a fim de não ficarem fantasiando coisas e caírem em auto-obsessão e também na obsessão espiritual, onde o obsessor aproveita para incrementar mais as nossas ilusões. Não que eu seja contra a informação mediúnica quando é útil ao indivíduo, ou através da retrocognição que é um fenômeno anímico, humano, natural que estamos desenvolvendo no processo evolutivo. Sou a favor, mas precisamos separar a curiosidade doentia da informação útil, que vai ser proveitosa para o crescimento do sujeito.
Agora compreendia o motivo de sua angústia e embaraço em falar comigo. Pessoalmente nada sentia em relação a ele, nem simpatia, nem aversão, que são indicadores de vínculos.
O cliente não apresentava nenhum comprometimento psíquico grave, era um pouco isolado, trabalhava, havia estudado. Não parecia ser um surto, tinha coerência em seu raciocínio quando conversávamos sobre outras coisas. Cumpria o contrato terapêutico: dia e horário, pagamento, não ligava desnecessariamente fora da sessão... Parecia ser uma obsessão espiritual, havia momentos que ele tinha o olhar fixo em mim com um misto de raiva e cordialidade!
Por conta da ameaça que me fez, da vingança, tive que cancelar o tratamento. Por vias das dúvidas, encaminhei-o a um psiquiatra para fazer uma avaliação, e, ao mesmo tempo, indiquei que procurasse um Centro Espírita para verificar se estava obsediado.  


quarta-feira, 11 de maio de 2016

Nunca se case!

Qual é a força da sua fala, até onde ela pode chegar? Você acha que o que diz evapora no ar sem tocar ninguém? Quem é o seu interlocutor, alguém vivido que sabe se proteger ou uma criança indefesa?
Imagine o cenário de um ambiente familiar, os filhos brincando ou fazendo seus deveres escolares, e de fundo a mãe reclamando aqui e ali do marido que vai chegar. No meio da reclamação ela afirma aos filhos: “nunca se casem para não levarem essa vida de inferno que levo!”, ou “o amor não existe, ninguém nunca vai te amar”. Quando não é a queixa do casamento, é a lamentação da vida: “a vida só traz sofrimento”, e arremata dizendo aos filhos quando estão brincando e fazendo bagunça: “vocês ainda vão me matar de trabalhar”. Não bastasse o terrorismo da mãe desequilibrada, o pai estressado chega do trabalho, mal cumprimenta a esposa e os filhos e despeja sua lista de reclamações: “as empresas só nos exploram!”, “o patrão faz todo mundo de escravo!”, “nunca confie em ninguém!” Para este casal tais colocações/reclamações soa como natural, falar do que lhes desagrada. Na vida de relação reclamar faz parte da pauta do dia a dia de muita gente, está tão incorporada nos relacionamentos interpessoais que não se percebe sua nocividade.
As atitudes dos pais estão sugerindo, induzindo, exemplificando como é a vida e o que os filhos vão encontrar pela frente. A mãe está ensinando que o casamento não é um bom negócio e é fonte de sofrimento, o pai lecionando que o trabalho é motivo de exploração e escravização. Estas imagens vão se assomar a mente dos filhos servindo de paradigma – como a vida é e como devem se comportar. A maior ou menor aceitação dessas sugestões dependerá do nível evolutivo dos filhos, que com o filtro do discernimento vão perscrutar o que recebem dos pais guardando ou rejeitando o que é bom e o que é ruim. Isso mostra que os filhos não estão à mercê dos pais ou da sociedade, mas das suas conquistas evolutivas ou da falta delas.
Do ponto de vista da sociedade materialista, a esposa infortunada com o seu casamento e o marido irrealizado em sua profissão são vítimas do azar, do destino, por isso eles se acham no direito de reclamar, por que estão em uma situação não escolhida. Na perspectiva do Espiritismo que supera essa analise estreita, casualista, o casal está incurso na Lei de Causa e Efeito, portanto, quando a esposa/mãe reclama aos filhos da instituição “casamento”, como algo ruim que traz sofrimento, ela está atribuindo valores pessoais, particulares, a algo abstrato comum a todas as pessoas. Ela deveria dar mais precisão as suas colocações: “o meu casamento é difícil”, “a minha prova com o pai de vocês é árdua”. O mesmo se aplica ao esposo/pai, se ele tem uma subprofissão, no qual não se realiza, é provável que seja uma prova pessoal e não comum a todos os trabalhadores. Ainda outra informação que o Espiritismo esclarece, é que se os filhos não têm provas difíceis no casamento e na profissão, eles não vão passar pelos sofrimentos que os pais passam como supõe a mãe ao “preveni-los” com suas reclamações, exceto se neurotizarem a relação e fizerem escolhas erradas.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Pés grandes

Como quantificar o grau de estresse ou de tormentos que a sociedade nos causa com o trânsito, a violência, o clima, a competição, etc., e qual é o percentual pessoal de problematizar a vida? Trocando em miúdos, é a sociedade complexa que nos atormenta, ou nós nos atormentamos com a sociedade? Obviamente as duas partes tem a sua quota de elementos afligentes. Como não podemos mudar o mundo, podemos mudar a nós mesmos, superando os melindres, as crenças falsas, a baixa autoestima, etc.
Um rapaz procurou a psicoterapia angustiado, triste, não queria mais sair de casa, ficava trancado em seu quarto o dia todo escutando música. Os pais não sabiam mais o que fazer, pensavam que ele estivesse usando drogas ou tinha alguma “doença mental.” Na terapia ele deu voltas para falar do assunto que o afligia: os seus pés! Isso mesmo, os seus pés. Achava que seus pés eram grandes demais, tinha vergonha que as pessoas olhassem para eles. Usava calças largas ou a boca da calça mais larga para cobrir seus pés. Virou uma paranoia, ficava monitorando os olhares dos outros, via o que não existia.
Essa cisma começou no ensino fundamental, onde é comum a garotada colocar apelidos uns nos outros. Qualquer coisa diferente em um colega é motivo para gozação: gordo, magro, alto, baixo, mãos grandes ou pequenas, nariz grande ou pequeno, pés grandes ou pequenos, enfim, tudo é motivo para chacota. Meu cliente não tinha os pés enormes, pela altura dele era para calçar 42, e calçava 44, quase imperceptível por sua altura. O apelido de pezão pegou mais pelo incomodo do rapaz, do que pelo tamanho do pé. O sentimento de inferioridade que alimentava contribuiu para acatar as gozações como verdadeiras. Quando os amigos tiravam sarro, ele ficava vermelho, paralisado, se sentindo pior como pessoa.
Quantos homens se sentem inadequados por causa da barriga, da calvície, da profissão, da altura, etc., evitando o convívio social ou até um relacionamento afetivo porque se acham inadequados?
As mulheres têm áreas pontuais de queixa: cabelos, seios, bumbum, pernas, rugas, celulites e barriga.

Não são estas condições em si que causam o sofrimento ou a falta de aceitação, mas o que se pensa delas. Uma pessoa “resolvida”, com boa autoestima e autoconfiança não se limita, nem se paralisa se suas formas não forem perfeitas. Por outro lado, uma criatura “perfeita nas formas”, com baixa autoestima, insegura vai arranjar motivos para ser infeliz. Aqui cabe ponderar também o nível de evolução de cada pessoa.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Retrocognição - lembranças de vidas passadas

Pensa numa vida marcada por dificuldades e pobreza, assim foi a vida de nosso personagem neste capítulo cognominado João. Desde a infância experimentou várias carências, dentre elas a mais importante a do afeto materno. Eram muitos filhos para pouco colo, além do excesso de trabalho dos pais que tinham que cuidar da roça. Faltavam roupas, comida só o necessário, brinquedos inexistia... João também pegava no batente, ajudava os pais nos vários afazeres. Nos momentos de descanso ficava no seu canto sem contato com ninguém, era difícil se enturmar. Essa pobreza perpassou a adolescência e foi até a maioridade, sempre com muito sacrifício. Na maioridade conheceu uma mulher, se casou e logo veio a separação. Conheceu outra companheira que estão juntos há mais de 20 anos. Na área profissional nunca passou de uma subprofissão, ganhando o necessário para a sobrevivência. Apareceu a oportunidade de fazer um curso técnico, mas a falta de dinheiro e de tempo não lhe permitiram.
Apesar das restrições diversas jamais traiu seus valores para obter dinheiro fácil.
Por que tantos limites? É acomodação, preguiça, conflitos que o impedem de avançar? Não, não é corpo mole, não é preguiça e nem conflitos paralisantes, ele fez muitas tentativas para melhorar sua situação. Existem restrições que são medidas de segurança para não cair novamente.
Uma vez estávamos conversando sobre seu trabalho na roça dos pais, das dificuldades de cuidar da plantação sob um sol abrasador, quando começaram a aparecer imagens em sua mente. Com os olhos abertos, via imagens de uma fazenda de enormes proporções que dominava determinada região do Brasil. Ele era o dono da fazenda, era agricultor e criador de gado. Era um dos homens mais ricos da região, frequentava as festas dos endinheirados do local. Via-se com roupas chiques, bebida, mulheres, música... Sentia-se importante, nas festas ele se destacava pelo poder e pelo dinheiro. Todos procuravam agradá-lo, tinha o que queria. Teve uma vida frívola, pensando apenas nos seus prazeres. Perdeu a existência escravizado em três áreas que dominou sua vida: dinheiro, bebida e sexo!
Este contraste entre o ontem e o hoje deu sentido a sua vida, começou a compreender por que suas pequenas conquistas hoje são tão difíceis e suadas. Na vida anterior tudo era favorecido, bastava um estalar de dedos para todos atendê-lo. As facilidades do passado foram viciando sua personalidade, criando a ilusão de ser melhor que os outros, achando que todos deviam servi-lo. Agora tinha que se esforçar para conquistar o mínimo que precisava, com muito sacrifício. Os esforços atuais eram exercícios para superar a inatividade do passado.

terça-feira, 26 de abril de 2016

Sou uma fraude

Mara estudou a vida toda, fala inglês e fez doutorado em administração. É disputada no mercado de trabalho por conta de sua inquestionável competência. É uma líder nata, sabe como conduzir sua equipe. É consultada em momentos de crise por outros diretores de áreas diferentes.
Apesar de esbanjar competência, no fundo ela se acha uma fraude, o oposto de como é reconhecida. É um disparate porque sua formação e seu cargo profissional atestam sua capacidade. Há uma discordância interna entre seus conhecimentos e seus sentimentos. Racionalmente ela sabe que domina o conhecimento, mas se “sente” uma fraude, acha que está enganando os outros e que será descoberta. Esse entrave interno não a deixa fluir, vive uma paranoia achando que os outros sabem de sua farsa.

Para procurar compreender este conflito a psicoterapia pesquisa a infância e outras etapas da vida a fim de encontrar as causas desse sentimento de fraude, no caso dela nada foi encontrado que justificasse essa conduta. Desde criança era quieta, fugia de contatos, apesar de receber afeto da família. Tudo indica que ela trazia de uma reencarnação anterior o sentimento de menos valia, fracasso, incompetência. Na vida passada provavelmente ela enfrentou restrições na área do conhecimento e da profissão, uma provação que fez parte daquela vida, não dessa, porque na sua vida atual ela teve acesso ao conhecimento e a uma boa profissão. É preciso superar o passado que insiste em permanecer e se adaptar ao presente, fazer prevalecer suas conquistas atuais e sua competência!

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Beleza é fundamental

Diz o Poeta que beleza é fundamental, será mesmo? Na poesia até que rima, mas na realidade as coisas não são bem assim. Se fosse fundamental, Poeta, as beldades e os deuses gregos não tomariam ansiolíticos, antidepressivos e nem fariam tantas cirurgias estéticas! A ideia de que a beleza é fonte da felicidade é um jogo de marketing das indústrias de cosméticos, da moda, do cinema com promessa de felicidade. Assim vamos associando beleza com glória, felicidade, dinheiro, sucesso, romances espetaculares... É a visão materialista, consumista, utilitarista de obter coisas para se realizar. Na vida real as pessoas não fogem de sua subjetividade, ou seja, de seu mundo interno, de suas ideias, de seus sonhos, de suas frustrações, de suas alegrias, de suas tristezas, de suas conquistas, de suas derrotas, de acordo com suas conquistas evolutivas. Poeta, no mundo de expiação e prova todos carregamos débitos para serem resgatados, qualidades para serem desenvolvidas, as pessoas belas também! A pobreza e riqueza, beleza e feiura, doença e saúde, felicidade e tristeza não são favores ou desfavores da classe social e da genética, nem depende da sorte, do azar, do privilégio ou do QI (quem indicou), estas questões tem ascendente espiritual. É, Poeta, a vida não se resume ao entorno do corpo físico, nós somos Espíritos Imortais, estamos aqui de passagem para evoluir, nossa verdadeira pátria é a Espiritualidade. A beleza ou feiura são provas ou expiações reencarnatórias de acordo com as conquistas ou insucessos na vida passada e na presente.

Poeta, no consultório vejo homens e mulheres bonitos fisicamente, que se sentem feios e desinteressantes por dentro. São pessoas que chamam a atenção pela plástica, são elegantes, desejadas, mas quando alguém se aproxima delas e se envolvem, veem que são pessoas como as outras com qualidades e defeitos. Aquelas que se sentem inadequadas e amargam conflitos internos, mesmo sendo belas, são pessoas difíceis, não conseguem se envolver. O fundamental, Poeta, é o equilíbrio pessoal, o autoamor, a boa autoestima, a autoconfiança, a ética, a sociabilidade, a religiosidade...

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Adulto ou criança?

Roberto é um profissional competente, boa formação, dá conta de seu trabalho e é reconhecido por isso. Seu trabalho consiste em gerenciar uma equipe operacional. Dá-se bem com seus colaboradores, não tem dificuldade em dar orientação e chamar a atenção quando necessário. Seu problema acontece quando tem que falar com alguma autoridade, fica nervoso, com sudorese, não consegue se expressar direito, parece uma criança assustada. Por isso, procura evitar o contato com seu diretor, coisa que nem sempre é possível.
O que ocorre é que quando ele era criança foi muito criticado por seu pai, que não pensava muito para xingar e dar algumas chineladas. Ele tinha que engolir tudo aquilo sem protestar para não ficar pior. A figura do pai representava castigo, repreensão, autoridade, submissão. Aprendeu a escutar e calar para se preservar. Estendeu este aprendizado e comportamento para a vida adulta. Vivia esse tormento em todo lugar, se fosse devolver um produto com defeito na loja, e o vendedor falasse um pouco mais alto, recuava. Se queria reclamar no restaurante que o prato que pediu não estava do jeito que queria, desistia e acabava comendo descontente. Toda situação que tinha alguém que representava autoridade, sua criança assustada surgia. É como se vivesse no mesmo corpo um adulto e uma criança disputando quem iria falar.
Através de um exercício, Roberto se imaginou voltando à infância para dar voz aquela criança assustada. Ele pode se imaginar conversando com o pai autoritário e expressando o que pensava. É como se estivesse falando com o pai todas as vezes que quis falar e não pode. Este resgate da fala tirou os nós que o prendiam no passado.